A direção espiritual é uma via essencial para o discernimento dos jovens. Papa Francisco, no Sínodo dos Jovens, destacou a importância de uma Igreja que escute seus jovens, onde eles possam encontrar referenciais que os ajudem a “perceber os sinais de Deus” na vida cotidiana. A escuta, segundo o Papa, vai além de apenas aconselhar; é um acolhimento profundo das inquietudes, sonhos, dúvidas e desafios que os jovens enfrentam.
O acompanhante espiritual é, portanto, aquele que respeita plenamente o ser e a liberdade de quem acompanha. Ele não é um diretor que impõe respostas, mas um amigo no Senhor, que caminha ao lado do jovem e “serve” para abrir caminhos na busca da vontade de Deus. A missão dessereferencial é ajudar o jovem a discernir a voz do Espírito Santo em suas experiências diárias, oferecendo um apoio que favorece o crescimento espiritual e o reconhecimento dos sinais de Deus na própria vida.
A direção espiritual tem um papel único e distinto em relação à confissão. Como explicou o Papa Francisco, “você vai ao confessor para que ele lhe perdoe de seus pecados, e você se prepara para contar a ele sobre os pecados. Mas você vai ao diretor espiritual para compartilhar as coisas que estão acontecendo em seu coração – as emoções espirituais, as alegrias, as raivas e o que está se passando dentro de você”. Esse acompanhamento é uma oportunidade para o jovem abrir o coração e refletir sobre suas experiências e o modo de enxergar as realidades que o cercam.
Santo Inácio de Loyola, mestre do discernimento espiritual, enxergava essa prática como essencial para refletir acerca de projetos de vida. Para os jovens, que enfrentam uma infinidade de escolhas, a espiritualidade inaciana oferece um caminho muito claro, permitindo-lhes discernir o que os aproxima ou os afasta de Deus. Nesse processo contínuo de direção espiritual, o jovem pode rezar a reconhecer as moções do Espírito Santo, aprendendo a compreender mais suas próprias emoções e assumir decisões com liberdade e consciência.
Papa Francisco destaca a importância de guias espirituais que caminhem lado a lado com os jovens, não para impor respostas, mas para ajudá-los a encontrar suas próprias. O acompanhamento espiritual não se trata de ter todas as respostas prontas, mas de criar um ambiente seguro e acolhedor, onde o jovem possa explorar e descobrir seu próprio caminho em Deus. É um processo de escuta, empatia e abertura ao mistério da vida espiritual.
Além disso, o Papa nos lembra que a direção espiritual não é um carisma reservado apenas ao clero, mas algo que pertence a todos os batizados. “Os sacerdotes que fazem direção espiritual não têm esse carisma porque são sacerdotes, mas porque são batizados”, afirmou Francisco. Esse acompanhamento pode ser feito por um padre, uma religiosa, um bispo, ou até mesmo por leigos – homens e mulheres de fé e sensatez, que estejam preparados para guiar os outros nesse caminho de busca e discernimento. O essencial é que sejam pessoas capazes de ouvir, acolher e inspirar os jovens a mergulharem em sua relação com Deus.
Papa Francisco nos lembra que “a pessoa que não é acompanhada na vida gera mofos na alma”, que mais tarde se manifestam em doenças, solidão e tantas outras coisas ruins. É essencial reconhecer a necessidade de estar acompanhado, alguém que ajude a “esclarecer as coisas”, compreendendo as emoções espirituais e discernindo onde está a tentação e o que o Senhor quer em cada situação.
A direção espiritual, nesse sentido, não apenas orienta os jovens em suas decisões diárias, mas também os guia no discernimento de sua vocação. Muitos jovens têm o desejo de fazer a diferença no mundo, e a missão do diretor espiritual é ajudá-los a identificar seus dons e descobrir como podem colocá-los a serviço de Deus e da comunidade.
